CAXIAS PARATODOS

AS MÃOS

São vários os seus ritmos de viver, de morar...
Em cada bairro havendo um chão distinto, um ar
Conforme a direção ou a extensão das ruas,
Dos quarteirões retangulares do 25 de Agosto;
Das transversais sem saída, do Santo Antônio;
Das ladeiras do Bela Vista e do Parque Lafaiete;
Dos vales afunilados do Periquito e do Centenário,
Espaços recentes, agora, mas encontros antigos
Que as estradas e as águas separavam
E, entre aquelas vem a da Freguesia Velha
A da Várzea, da Covanca, do Sarapuí Pequeno;
Vem a estrada de Pau Ferro e do Engenho do Porto,
Do Trairaponga e outros mais, estradas rios veios
De conduzir o gado, o homem, as coisas
Que iam dar no Porto da Estrela, no da Chacrinha;
No Porto da Pedra e do Bento, do Pilar e do Retiro,
Em tantos destinos com novos nomes, hoje batizados:
Gramacho, São Bento, Campos Elísios, Primavera,
Saracuruna, Parada Angélica, Imbariê,
Santa Cruz, Mantiquira,
Xerém, Itatiaia, Parque Fluminense, Pantanal,
Santa Lucia, Beira-Mar;
Tantas linhas, tantos fios, tantos nós
Na malha dos rios, na ponta da meada o Meriti
Enlaçando a que teve o seu nome como parada de trem,
E, em parada dos homens transformou-se
em Duque de Caxias,
Flor de tantos contos e santos.

Barboza Leite
“Trilhas, Roteiros e Sinais”, 1986.

Barboza Leite na produção de um de seus painéis (sem data) 




A BANDA DE LATA

 Eu não sei de quem foi a idéia sugerida no título, mas a inspiração surgiu nos desfiles de 25 de agosto. Na época as bandas marciais dos grandes colégios de Caxias faziam muito sucesso entre a garotada. Muitos até participavam dos desfiles em suas escolas. Todos os anos, o dia do nascimento de seu filho ilustre e Patrono do Exército Brasileiro, era comemorado com um desfile escolar na Avenida Rio-Petrópolis, atual Presidente Kennedy. Tinha o palanque onde ficavam as autoridades e na periferia se concentrava a população. A Praça Pacificador, apinhada de gente, também se enchia de garbo. As bandas marciais das instituições de ensino faziam um show à parte. Cada uma procurando se esmerar ao máximo, brindava a cidade pelo dia do soldado, Luis Alves de Lima e Silva, o Duque de Caxias.

Como comentei acima, não me recordo do autor da idéia, mas a nossa promissora banda se reunia na casa do Camilo que era filho de um dos donos do Armazém Azul.

Só havia instrumentos de percussão que nós mesmos fabricávamos, usando latas de banha e de tintas. Elas eram cortadas de acordo com o som que se desejava: curtas eram os taróis, longas eram os surdos e, assim por diante.

Normalmente, beirando a noitinha, a banda saía pelas ruas do bairro com o garbo peculiar às bandas marciais. Tam-tam, tararam tantam. Tam-tam, tararam tantam. Lá ia a banda pelas Ruas General Câmara, Vileta, Marcílio Dias, Barão do Triunfo... numa sinfonia de latas sonantes, enchendo os corações dos meninos de alegria e os ouvidos dos velhos de barulho. À noite, os instrumentos guardados na casa do Camilo descansavam das batidas que levavam por baquetas de madeira dos caixotes da quitanda do Manoel Orelhinha.

  Pedro Marcilio,
em “Crônicas da minha Aldeia – volume I”







 EXALTAÇÃO À CIDADE DE DUQUE DE CAXIAS

Todo o arvoredo
é uma festa de pardais
acordando a cidade.
Toda a cidade
é uma orquestra de metais
em inesperada atividade.

Caxias, ecoam clarins
sobre tuas colinas;
O sol, é uma oferta de flores
em tuas campinas.

Quando mal adormeces
já estás levantada:
és do trabalho,
a namorada.
Tuas fábricas
se contam às centenas.


Um grande povo
o teu nome enaltece;
construindo riqueza,
inspirando beleza
que ao Brasil
oferece.

Nesta baixada,
onde Caxias nasceu,
o progresso é o lema
que o trabalho escolheu.

De plagas distantes
deste e de outros países,
são os teus povoadores.
Toda essa gente
no esforço viril,
de fazer do teu nome
um pendão do Brasil.

        Letra e música de Barboza Leite